sexta-feira, 8 de julho de 2011

Era uma vez...

Era uma vez um tipo chamado Moodys. (Sim eu sei não é grande nome, mas pronto, todos temos que ter um...). O Moodys tinha um trabalho bastante porreiro pá! Ele dava opiniões. As pessoas pagavam-lhe por uma opinião, nomeadamente sobre credito bancário. Era uma alegria o trabalho do gajo. "Que achas deste activo financeiro?", "Este país é bom para meter o dinheiro a render?", "Gostas dos CDOs?". E o Moodys lá respondia. "É porreirinho!", "Pá esse pedaço de terra à beira-mar plantado não é grande coisa!", "Opá os CDO`s são um espectáculo!". Muitas vezes respondia, não porque sabia do assunto, mas sim porque tinha de manter a postura que sabia. E as pessoas acreditavam sempre na sua opinião, certa ou errada. Havia algumas vezes que o Moodys falhava. Mas logo arranjava uma desculpa esfarrapada. "Eu não tenho culpa da fraude e corrupção da Enron!", "Tamos em crise porque os bancos norte-americanos foram gananciosos e o estado pouco regulador!". E o pessoal acreditava. Havia dias em que o Moodys acordava mal disposto (ou porque tinha passado mal a noite, ou porque a mulher não lhe passava cartão, ou porque o Benfica perdia), e nesse dia, mal chegava ao trabalho, o gajo tinha que gastar a fúria e a azia que tinha em qualquer coisa. Logo pegava num rating de um qualquer país em crise e toca a desce-lo até ficar "lixo". O Moodys tinha dois amigos: O Fich e o Standard and Poors. De vez em quando lá se juntavam para uma cervejas fresquinhas, para ver a bola e trocarem opiniões.  Um dia perceberam que podiam fazer uns trocos a mais. Bastava comprarem uns activos financeiros, atribuírem a esses activos uma alta classificação e recolher os ganhos. E ninguém se apercebia do esquema. Era limpinho! Que bela vida tinha o Moodys. Havia vezes em que o gajo se sentia um Deus. "Posso fazer países ter sucesso ou fracassarem, só com meia-dúzia de palavras!". O Moodys tinha mesmo a vida feita! Mas um dia o Moodys exagerou. As pessoas começaram a ficar chateadas com os ratings insultuosos que o homem dava e decidiram arranjar outra pessoa que lhe desse opiniões. Uma pessoa mais "europeia". E o Moodys viu-se sem credibilidade e consequentemente sem trabalho...

PS Infelizmente, as ultimas quatro linhas da minha "história" ainda não aconteceram, mas pelo andar da carruagem, não deverá faltar muito tempo.

1 comentário:

Eduardo disse...

Não te esqueças que antes da crise eclodir, as agências davam boas classificações a activos que se vieram a descobrir que a sua avaliação do risco estava errada. Além de que a descida do rating da dívida pública da Republica Portuguesa teve a sua dose de especulação, porque, apesar de termos problemas estruturais da economia e a nossa dívida estar como estar, não acredito muito ao ponto de não cumprimos o nosso serviço de dívida, como a Moody's anunciou. Mas vamos ver o que isto dá